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Fidelizando as Cores de Impressão

  • Editado por Paulo H. Cursino - Post original:
  • 18 de ago. de 2016
  • 7 min de leitura

As cores são essenciais para um projeto gráfico, e para atingir o resultado esperado você precisa planejar e reconhecer muito bem as cores.

Quem nunca imprimiu uma cor vista na tela e apareceu outra completamente diferente? Cada dispositivo possui seu próprio modo de interpretar, reproduzir ou simular as cores.

A fidelidade das cores é essencial para qualquer designer e requer muita atenção em detalhes técnicos que quando ignorados podem colocar o profissional em situações constrangedoras diante dos clientes com possíveis decepções e até desistências.

Existem várias formas no mundo de se gerar cores. É possível misturar tinta, luz ou simplesmente causar uma ilusão de ótica por aproximação. Quimicamente, aprendemos ainda na pré-escola, o conceito de cores primárias onde misturamos o azul, vermelho e amarelo para obtermos as cores secundárias e terciárias. Todavia, o conceito de cores primárias mudam de acordo com o meio em que as cores serão exibidas. Para compreender quais são esses modos de cores, precisamos primeiro entender como funcionam os principais dispositivos usados por designers gráficos, para geração de cores: os monitores e as impressoras.

Monitores

A grande maioria dos monitores ou displays tipo LCD usados hoje em dia ainda trabalham da mesma forma, mas com tecnologias diferentes que foram sendo implementadas conforme a evolução tecnológica e barateamento dos custo de produção. Basicamente, tratam-se de filamentos de metal acomodados em uma grade matricial. Cada campo dessa matriz possui 3 partículas de cristais líquidos que ao serem eletricamente estimuladas adquirem a característica de absorção de uma determinada área do espectro de luz e se solidificam, deixando vazar o restante. Cada uma das 3 partículas é responsável por deixar passar um pedaço do espectro, baseado no que chamamos de cores primárias da luz, que são vermelho, verde e azul (RGB ). Aumentando ou diminuindo a solidificação, mais luz ou menos luz é absorvida. Porém, o cristal líquido não emite luz própria e, por isso, precisa ser retro-iluminado por uma luz branca, que vai ser filtrada por pelo LCD. Lembrando que essa é um explicação bem simplificada e o que diferencia na qualidade das cores, hoje em dia, é o tipo de retro-iluminação. Se é OLED, AMOLED, IPS, é uma outra história.

RGB é a abreviatura do sistema de cores aditivas formado por Vermelho (Red), Verde (Green) e Azul (Blue). O propósito principal do sistema RGB é a reprodução de cores em dispositivos eletrônicos como monitores de TV e computador, retroprojetores, scanners e câmeras digitais, assim como na fotografia tradicional. Em contraposição, impressoras utilizam o modelo CMYK de cores subtrativas.

O modelo de cores RGB é baseado na teoria de visão colorida tricromática, de Young-Helmholtz, e no triângulo de cores de Maxwell. O uso do modelo RGB como padrão para apresentação de cores na Internet tem suas raízes nos padrões de cores de televisões RCA de 1953 e no uso do padrão RGB nas câmeras Land/Polaroid, pós Edwin Land.

Impressoras

As impressoras, diferente dos monitores, jogam tinta (ou produzem tinta a partir de pigmentos) em pontos muito, muito próximos, mas não chegam a misturar os pigmentos (a não ser que ele sobreponha uma tinta na outra, mas isso não é bem uma mistura). Esses pontos, chamados de retículas, são fixados no papel (ou no material escolhido), que de tão próximos faz parecer que eles formam outra cor. Isso funciona porque a luz do ambiente, quando bate nesse pigmento, absorve um intervalo do espectro de luz e reflete outro. Esse intervalo chega aos olhos e são interpretados. As cores básicas para impressão são ciano, magenta e amarelo, que, por justamente ser reflexão e não emissão, são as cores secundárias do RGB (e vice-versa). Todavia, como os tons não emitem feixes, mas sim os refletem, eles acabam sendo mais fracos que as cores dos monitores, dependendo da quantidade e tom de luz do ambiente para prover uma boa leitura. Quando colocamos pontos cianos, magentas e amarelos próximos, temos uma sensação amarronzada, meio acinzentado escuro e, por isso, é necessário um complemento de pigmento preto, tornando o conhecido CMYK que é a abreviatura do sistema de cores subtrativas formado por Ciano (Cyan), Magenta (Magenta), Amarelo (Yellow) e Preto (Black (Key))

O CMYK funciona devido à absorção de luz, pelo fato de que as cores que são vistas vêm da parte da luz que não é absorvida. Este sistema é empregado por imprensas, impressoras e fotocopiadoras para reproduzir a maioria das cores do espectro visível, e é conhecido como quadricromia. É o sistema subtrativo de cores, em contraposição ao sistema aditivo, o RGB.

Ciano é a cor oposta ao vermelho, o que significa que atua como um filtro que absorve a dita cor (-R +G +B). Da mesma forma, magenta é a oposta ao verde (+R -G +B) e amarelo é a oposta ao azul (+R +G -B). Assim, magenta mais amarelo produzirá vermelho, magenta mais ciano produzirá azul e ciano mais amarelo produzirá verde.

Observação interessante: As cores do esquema CMYK que vemos acima são simuladas pois o esquema de visualização (reprodução) necessário para exibi-las em seu monitor é na verdade o RGB.

CMYK versus RGB

O padrão CMYK é mais usado para impressão, enquanto que monitores e televisões usam o padrão RGB (Vermelho (Red), Verde (Green) e Azul (Blue)), onde são usadas apenas três cores. Como o CMYK que se usa na indústria gráfica é baseado na mistura de tintas sobre o papel e o CMYK usado nos sistemas de computador não passa de uma variação do RGB, nem todas as cores vistas no monitor podem ser conseguidas na impressão, uma vez que o espectro de cores CMYK (gráfico) é significativamente menor que o RGB. Alguns programas gráficos incorporam filtros que tentam mostrar no monitor como a imagem será impressa.

Além do CMYK e do RGB, existem outros padrões de cores, como o Pantone, onde em lugar de um certo número de cores primárias que são combinadas para gerar as demais, tem-se um conjunto maior de tintas especiais, que misturadas entre si, produzem na impressão uma gama de cores consistente com o que é visto em um mostruário.

Deixar RGB para monitor e CMYK para impressão é suficiente para fidelidade das cores?

A resposta é não. Isso porque você deve levar em consideração diversos outros fatores. Cada aparelho tem uma marca diferente, possui uma tecnologia diferente e ainda é calibrado de uma forma diferente. Estas características de calibragens diversificadas entre os aparelhos acabam causando diferenças que muitas vezes comprometem o resultado do trabalho.

O designer deve, em primeiro lugar, calibrar o seu monitor. Essa calibragem é feita de forma pessoal, depende do ambiente em que você trabalha e da capacidade de seus olhos de interpretar as cores e nem sempre é uma tarefa simples. Para realizar a calibragem, geralmente utiliza-se o aplicativo padrão do sistema operacional ou perfis específicos fornecidos por fabricantes de placas de vídeo para alguns monitores. Essa calibragem gera ou provém de um arquivo icc, ou icm, que é conhecido como Perfil de Cores.

Gamut de Cores

Cada aparelho possui um perfil de cores padrão. Se você abrir agora o gerenciador de cores do sistema operacional, poderá ver alguns perfis de cores configurados. Isso é necessário porque cada equipamento tem uma quantidade diferente de cores que pode gerar / interpretar, dependendo de sua tecnologia. Essa quantidade de cores é representada em um mapa de cores o qual chamamos de GAMUT. Que não somente são diferentes entre si por quantidade, mas também por capacidade de exibição de determinadas cores. Por exemplo, o gamut CMYK, por padrão, é menor do que o RGB, mas possui uma quantidade muito maior de variações de amarelo do que o modelo aditivo. O que usamos para atingir esses tons que estão fora do gamut do CMYK, e até do RGB, na impressão, é a adição de Cores Especiais, que são tintas ou pigmentos fabricados com uma cor específica e, geralmente, somados ao CMYK.

Porém, essa diferença de cores gera uma problemática muito grave que é a diferença absurda de cores entre dispositivos diferentes, mesmo que seja do mesmo modelo. Para web, por exemplo, quando queremos que todos os monitores exibam as cores mais próximas possíveis do planejado, utilizamos as Cores Seguras, que, por conta dessa necessidade, acaba por diminuindo ainda mais o gamut de cores utilizáveis.

Fidelidade de Cores

Para garantirmos uma melhor fidelidade de cores na impressão, precisamos configurar o nosso dispositivo de produção para que tenha o mesmo perfil de cores que o dispositivo de impressão utilizado nas gráficas. Ou seja, precisamos configurar o gerenciamento de cores de nosso software de edição com o perfil de cores da impressora. Para isso será necessário entrar em contato com a gráfica ou pesquisar no site oficial da mesma onde geralmente disponibilizam tais informações.

Outro ponto a se considerar seria entender de forma muito simplificada a diferença óbvia do que é visto na Tela versus Impresso onde as cores na tela são iluminadas artificialmente, possuem luminosidade induzida, enquanto as cores no impresso não possuem tal luminosidade, são geralmente foscas, mais "apáticas ou apagadas" do que na tela. Para equilibrar esta notável diferença são usados comumente vernizes ou acabamentos diferenciados que proporcionam mais "vida" às cores impressas.

Muitas gráficas recomendam uma atenção especial sobre o uso do preto e suas tonalidades precisando também configurar (regular) os tons de cinza (grayscale) e observar que "tipo" de preto está sendo usado no seu trabalho, CMYK ou RGB que normalmente geram problemas frequentes como escurecimento indesejável de outras cores quando misturados com preto ou efeito de preto fosco (cinza escuro - preto composto) no lugar de um preto "puro e liso" (100%) como no esquema RGB. Para garantir a fidelidade de preto, de acordo com as indicações da gráfica, lembre-se de também atribuir o perfil de cor RGB de seu monitor (ou o que você calibrou), caso esteja trabalhando com um futuro impresso.

[clique para ver ilustração]

Perfis de Cores Incorporadas

Arquivos de imagem possuem perfis de cores incorporadas por padrão, então quando incorporamos (ou convertemos) para o perfil de impressão, imediatamente o software de edição irá reconfigurar a calibragem de cores e se adaptará ao do perfil mudando as cores das imagens, tornando-as mais próximas possível do que será impresso.

Uma vez com seu arquivo finalizado e todos os perfis de cores configurados nas imagens que serão utilizadas pelo software de edição, a exportação estará pronta para ser realizada no formato mais comum recomendado pelas gráficas: PDF (PDF/X1-a) (arquivo fechado) ou arquivos originais (abertos), geralmente .CDR (CorelDraw "versão") ou .AI (Adobe Illustrator) acompanhados de fontes e perfis ICC para pequenos ajustes em folhas grandes ou adequações em gabaritos.

Concluindo

Se você busca fidelidade nas cores de impressão fique atento a manter sempre o seu monitor calibrado e corretamente configurado. Independente da plataforma gráfica ou do sistema operacional que utiliza lembre-se que o monitor deve ser instalado corretamente e devidamente reconhecido, evite monitores Plug-and-Play ou Genéricos. Faça regularmente calibragem do monitor em relação ao seu ambiente de trabalho e condições de iluminação e sempre incorpore os perfis de cores recomendados pelas gráficas. Lembre-se que as cores são essenciais para um projeto gráfico profissional, e para atingir o resultado esperado é necessário planejar, perceber, reconhecer e "sentir" muito bem as cores.

Editado por Paulo H. Cursino

Referências:

e Outros


 
 
 

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